Com o título original, “O Amor
Segundo Godard”, Elogio
ao Amor é uma verdadeira
Masterpiece, de um cineasta que faz filme como quem pinta um quadro, Jean Luc-Godard. Parisiense,
nascido em 3 de dezembro de 1930, foi um dos principais precursores da Novelle Vague, movimento
artístico de jovens críticos de cinema descontentes até então com a produção
cinematográfica atual. A estreia de Godard se deu com Acossado (A bout de Souffle, 1960), filme que
prestava homenagem ao cinema popular americano e implodia, com ferramentas
inovadoras de montagens como o faux-raccord, a narrativa linear e a estética
clássica. Dessa forma, o cosmopolitismo crítico e a desconstrução formal se
tornariam marcas registradas do cineasta. Elogio ao Amor, com produção franco-suíça
datada de 2001, antes de tudo é um filme em preto e branco como poucos. E trata de algo sobre o amor, do amor por algo, pela resistência, pela memória, pelo cinema, pela língua francesa, pela história. Com o recurso da da metalinguagem, pois fala pela voz de um cineasta, Godard constrói pensamentos através de uma estrutura complexa e não-linear. A película é dividida em duas partes distintas: o presente, filmado em preto e branco precedendo o segundo momento passado onde são exibidas imagens em cores estouradas, um verdadeiro contraste sinestésico. Edgard é Bruno Ptzulo e caminha em busca de uma atriz que protagonize seu projeto: algo sobre a história das três idades, juventude, vida adulta e velhice. Esse algo é sobre os quatro momentos do Amor: O Encontro, O Auge da Paixão Física, A Separação e o Reencontro. Uma faxineira argelina parece ser a protagonista ideal, mas ela acaba recusando o papel. Um tempo antes, Edgard investiga a vida de um membro da resistência francesa que, por dinheiro, vende os direitos autorais de sua história para Hollywood, para a produção de um filme dirigido por Steven Spielberg. Enquanto conversa com o produtor de Spielberg, a neta pergunta: " Estados Unidos de onde?", "Estados Unidos da América". "Ok, mas o Brasil também são Estados Unidos da América". O produtor reluta, "Estados Unidos da América do Norte". A francesa retruca: "O México também são Estados Unidos da América do Norte", finalizando o diálogo com a afirmação de que os Estados Unidos são um país sem nome e, consequentemente, sem História, por isso precisam se apropriar do passados do outros povos.
É através de um olhar melancólico e poético que Godard nos proporciona reflexões desconcertantes:
"As coisas ganham sentido quando acabam porque é quando a história começa."
"As coisas ganham sentido quando acabam porque é quando a história começa."