terça-feira, 17 de julho de 2012

Os nomes do amor - Le Nom des gens

Assisti recentemente ao filme francês do diretor Michel Leclerc e acredito que as vidas de Bahia Benmahmoud, filha de um argelino e de uma ex-hippie, e Arthur Martin, um discretíssimo veterinário, filho de uma órfã e de um engenheiro nuclear, convergem-se ainda mais quando tantas divergências vêm à tona. "Os nomes do Amor" é uma clara apologia à identidade, à memória, à política, ainda que esquerdista, ao altruísmo direcionado aos imigrantes e aos sem pátria, à excentricidade de ambos que se transforma em generosidade. Bahia é um típico ser que mistura a simpatia esquerdista personificada e o espírito libertário dos ano 60. Acredita que “todos os caras da direita são fascistas” e encara uma distinta tática para convertê-los: leva-os para a cama. E ainda conserva, como um verdadeiro troféu, uma espécie de Scrapbook dos ex-conservadores que viraram esquerdistas, resultados de suas investidas sexuais. Ela não hesita em se casar com um quase desconhecido imigrante para que ele adquira cidadania francesa. Bahia acaba trajando o estereótipo “maluquinha” quando interrompe uma entrevista na rádio francesa em que Arthur Martin tenta persuadir os ouvintes sobre os riscos e prevenções a serem tomados sobre a gripe aviária. Esse encontro gera uma série de sensações e desencontros, mas todos com um caminho distinto e reto, a busca pela identidade, pelo amor. Durante toda a trama, os personagens Bahia e Arthur são requisitados por seus ancestrais, no caso de Arthur, ele conversa com ele mesmo, aos 16 anos, em situações que requerem reflexão ou nas quais ele não tem certeza de como proceder, numa espécie de consulta. Um dos momentos mais tensos é quando a mãe de Arthur perde seus documentos e ela, criada num orfanato traumatizada pela perda de seus pais tão imatura, não consegue provar sua cidadania francesa. As verdadeiras origens de sua família recaem da esfera do esquecimento e ganham vida. É um filme incrível que descreve as relações tempestuosas que a vida nos presenteia e das quais não nos convêm fugir com um toque de humor e contemporaneidade. Gostei!















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